Cafeína na Gravidez: Possíveis Efeitos no Desenvolvimento Infantil

Mulher grávida segurando a barriga, representando a relação entre o consumo de cafeína na gravidez e o desenvolvimento infantil.

O consumo de cafeína na gravidez levanta preocupações entre gestantes e profissionais de saúde. Estudos recentes indicam que a exposição pré-natal à cafeína pode afetar o crescimento, comportamento e saúde da criança a longo prazo. Mas até que ponto isso é verdade? Descubra agora!

1. Sintomas de Abstinência Neonatal

Recém-nascidos expostos a altas doses de cafeína na gravidez podem apresentar sintomas como irritabilidade, tremores e vômitos logo após o nascimento. Esses sintomas costumam desaparecer espontaneamente em até 84 horas e ocorrem em casos de consumo elevado — acima de seis bebidas cafeinadas por dia.

2. Cafeína na Gravidez Afeta o QI do Bebê?

Felizmente, o consumo moderado de cafeína durante a gravidez não parece influenciar o quociente de inteligência (QI) da criança. Pesquisas de longo prazo não encontraram relação entre a exposição à cafeína e problemas cognitivos ou comportamentais até os sete anos de idade.

3. Cafeína e Comportamento Hiperativo

Os resultados são controversos. Enquanto alguns estudos associam o consumo elevado de cafeína (8+ xícaras/dia) ao aumento do risco de transtornos comportamentais na infância, outras pesquisas não identificam correlação significativa. Além disso, fatores como estresse materno podem interferir nas análises.

4. Cafeína, Crescimento Infantil e Risco de Obesidade

Estudos indicam que níveis altos de cafeína na gravidez podem estar relacionados a:

  • Maior ganho de peso na infância: crianças cujas mães consumiram mais cafeína tiveram maior risco de sobrepeso aos 3, 5 e até 8 anos.
  • Estatura mais baixa: algumas pesquisas apontam que filhos de mães que ingeriram mais cafeína eram, em média, 2 cm mais baixos entre 4 e 8 anos.

Mesmo em casos com consumo abaixo de 300 mg/dia, esses efeitos foram observados, sem um limite seguro definido.

5. Outros Riscos Associados à Cafeína na Gravidez

A exposição à cafeína durante a gestação também foi estudada em relação a condições como leucemia, câncer testicular e morte súbita infantil, mas os dados ainda são inconclusivos.

Conclusão

Embora o consumo moderado de cafeína durante a gravidez não pareça afetar o QI ou causar distúrbios comportamentais evidentes, grandes quantidades podem influenciar o crescimento infantil e o desenvolvimento. Por isso, especialistas recomendam moderação no consumo de cafeína durante a gestação.


Referências

  1. McGowan JD, Altman RE, Kanto WP Jr. Neonatal withdrawal symptoms after chronic maternal ingestion of caffeine. South Med J 1988; 81:1092.
  2. Martín I, López-Vílchez MA, Mur A, et al. Neonatal withdrawal syndrome after chronic maternal drinking of mate. Ther Drug Monit 2007; 29:127.
  3. Klebanoff MA, Keim SA. Maternal Caffeine Intake During Pregnancy and Child Cognition and Behavior at 4 and 7 Years of Age. Am J Epidemiol 2015; 182:1023.
  4. Frary CD, Johnson RK, Wang MQ. Food sources and intakes of caffeine in the diets of persons in the United States. J Am Diet Assoc 2005; 105:110.
  5. Barr HM, Streissguth AP. Caffeine use during pregnancy and child outcome: a 7-year prospective study. Neurotoxicol Teratol 1991; 13:441.
  6. Bekkhus M, Skjøthaug T, Nordhagen R, Borge AI. Intrauterine exposure to caffeine and inattention/overactivity in children. Acta Paediatr 2010; 99:925.
  7. Mikkelsen SH, Obel C, Olsen J, et al. Maternal caffeine consumption during pregnancy and behavioral disorders in 11-year-old offspring: A Danish nation birth cohort study. J Pediatr 2017.
  8. de Medeiros TS, Bernardi JR, de Brito ML, et al. Caffeine Intake During Pregnancy in Different Intrauterine Environments and its Association with Infant Anthropometric Measurements at 3 and 6 Months of Age. Matern Child Health J 2017; 21:1297.
  9. Voerman E, Jaddoe VW, Gishti O, et al. Maternal caffeine intake during pregnancy, early growth, and body fat distribution at school age. Obesity (Silver Spring) 2016; 24:1170.
  10. Li DK, Ferber JR, Odouli R. Maternal caffeine intake during pregnancy and risk of obesity in offspring: a prospective cohort study. Int J Obes (Lond) 2015; 39:658.
  11. Chen LW, Murrin CM, Mehegan J, et al. Maternal, but not paternal or grandparental, caffeine intake is associated with childhood obesity and adiposity: The Lifeways Cross-Generation Cohort Study. Am J Clin Nutr 2019; 109:1648.
  12. Voerman E, Jaddoe VW, Hulst ME, et al. Associations of maternal caffeine intake during pregnancy with abdominal and liver fat deposition in childhood. Pediatr Obes 2020; 15:e12607.
  13. Gleason JL, Sundaram R, Mitro SD, et al. Association of Maternal Caffeine Consumption During Pregnancy With Child Growth. JAMA Netw Open 2022; 5:e2239609.
  14. Papadopoulou E, Botton J, Brantsæter AL, et al. Maternal caffeine intake during pregnancy and childhood growth and overweight: results from a large Norwegian prospective observational cohort study. BMJ Open 2018; 8:e018895.
  15. Sengpiel V, Elind E, Bacelis J, et al. Maternal caffeine intake during pregnancy is associated with birth weight but not with gestational length: results from a large prospective observational cohort study. BMC Med 2013; 11:42.
  16. Rhee J, Kim R, Kim Y, et al. Maternal Caffeine Consumption during Pregnancy and Risk of Low Birth Weight: A Dose-Response Meta-Analysis of Observational Studies. PLoS One 2015; 10:e0132334.
  17. Barker DJ. In utero programming of chronic disease. Clin Sci (Lond) 1998; 95:115.
  18. Maffeis C, Morandi A. Effect of Maternal Obesity on Foetal Growth and Metabolic Health of the Offspring. Obes Facts 2017; 10:112.

Rolar para cima