Coceira, ardência e corrimento? Pode ser candidíase – veja o que fazer

Imagem de uma mulher vestida com calça jeans e camiseta, com as mãos sobrepostas sobre suas partes íntimas, representando a suspeita de candidíase. Foto de Mayra Camargo na Unsplash

A candidíase vaginal é uma das infecções ginecológicas mais comuns. Também chamada de candidíase vulvovaginal, ela é causada pelo fungo Candida, que habita naturalmente o trato gastrointestinal e, às vezes, a vagina. Apesar de muitas vezes não causar sintomas, alterações no ambiente vaginal — como o uso de antibióticos, alterações hormonais ou baixa imunidade — podem favorecer a proliferação do fungo.

Principais sintomas da candidíase vaginal

Os sintomas mais frequentes incluem:

  • Coceira intensa na vulva e ao redor da entrada da vagina
  • Ardência ao urinar
  • Dor durante a relação sexual
  • Vermelhidão e inchaço na região íntima
  • Corrimento branco espesso (semelhante a leite coalhado) ou, em alguns casos, aquoso

Importante: esses sintomas são semelhantes aos de outras condições, como vaginose bacteriana e tricomoníase. Por isso, o diagnóstico clínico isolado pode ser impreciso. Saiba mais sobre as diferenças entre infecções vaginais e seus sintomas aqui.

Fatores de risco para candidíase

A candidíase pode ocorrer em qualquer mulher, mas alguns fatores aumentam o risco:

  • Uso recente de antibióticos
  • Anticoncepcionais hormonais, especialmente os com estrogênio
  • Dispositivos contraceptivos como diafragma e DIU
  • Gravidez
  • Diabetes mal controlado
  • Imunossupressão (HIV, uso de corticoides ou quimioterapia)
  • Atividade sexual (embora não seja considerada uma DST)

Entenda também como os probióticos influenciam a saúde vaginal LINK POST PROBIÓTICOS — embora não previnam candidíase, muitos acreditam que podem ajudar no equilíbrio da flora.

Diagnóstico correto é essencial

Muitas mulheres tentam se automedicar com antifúngicos de farmácia, mas os estudos mostram que o diagnóstico autônomo acerta em apenas 11% dos casos. Iniciar o tratamento sem confirmação pode agravar os sintomas ou mascarar outras doenças.

O diagnóstico correto é feito por um profissional de saúde, com exame físico e coleta do corrimento para análise em laboratório. Em casos de infecções persistentes, é importante identificar o tipo específico de Candida, já que algumas espécies menos comuns não respondem bem aos tratamentos convencionais.

Tratamento da candidíase vaginal

O tratamento pode ser feito por via vaginal ou oral:

  • Via vaginal: cremes ou comprimidos inseridos na vagina, geralmente à noite. Existem opções de 1, 3 ou 7 dias, todas com eficácia semelhante.
  • Via oral: geralmente feito com fluconazol, uma dose única por via oral. Em infecções mais graves, uma segunda dose pode ser necessária após 72 horas.

O fluconazol não é indicado durante a gravidez. Seu uso deve sempre ser orientado por um profissional, especialmente em caso de uso contínuo ou recorrente.

Veja também: Candidíase recorrente: por que ela volta e como tratar (LINK POST 30)

E quando a candidíase volta com frequência?

Cerca de 5 a 9% das mulheres apresentam candidíase de repetição, definida como três ou mais episódios por ano. Nesses casos, o tratamento inclui:

  • Doses múltiplas de fluconazol no início
  • Uso semanal do antifúngico por seis meses ou mais

Mesmo com tratamento prolongado, a infecção pode retornar após a interrupção. É fundamental garantir o diagnóstico correto e descartar outras causas de sintomas semelhantes.

Como prevenir a candidíase

Algumas estratégias podem ajudar na prevenção:

  • Controle rigoroso do diabetes
  • Evitar uso desnecessário de antibióticos
  • Redução de estrogênio em métodos contraceptivos (quando possível)
  • Acompanhamento médico em casos de alterações de imunidade

Por outro lado, não há evidências de que hábitos de higiene íntima ou o uso de roupas justas aumentem o risco de candidíase. E os probióticos vaginais ou orais também não mostraram eficácia na prevenção.

Leia também:

  • Corrimento na mulher (POST 30)
  • Probióticos e Saúde Íntima Feminina: O Que Funciona de Verdade?

REFERÊNCIAS

  1. Patient education: Vaginal yeast infection (Beyond the Basics). In: UpToDate, Connor RF (Ed), Wolters Kluwer. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/vaginal-yeast-infection-beyond-the-basics
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