
A candidíase vaginal é uma das infecções ginecológicas mais comuns. Também chamada de candidíase vulvovaginal, ela é causada pelo fungo Candida, que habita naturalmente o trato gastrointestinal e, às vezes, a vagina. Apesar de muitas vezes não causar sintomas, alterações no ambiente vaginal — como o uso de antibióticos, alterações hormonais ou baixa imunidade — podem favorecer a proliferação do fungo.
Principais sintomas da candidíase vaginal
Os sintomas mais frequentes incluem:
- Coceira intensa na vulva e ao redor da entrada da vagina
- Ardência ao urinar
- Dor durante a relação sexual
- Vermelhidão e inchaço na região íntima
- Corrimento branco espesso (semelhante a leite coalhado) ou, em alguns casos, aquoso
Importante: esses sintomas são semelhantes aos de outras condições, como vaginose bacteriana e tricomoníase. Por isso, o diagnóstico clínico isolado pode ser impreciso. Saiba mais sobre as diferenças entre infecções vaginais e seus sintomas aqui.
Fatores de risco para candidíase
A candidíase pode ocorrer em qualquer mulher, mas alguns fatores aumentam o risco:
- Uso recente de antibióticos
- Anticoncepcionais hormonais, especialmente os com estrogênio
- Dispositivos contraceptivos como diafragma e DIU
- Gravidez
- Diabetes mal controlado
- Imunossupressão (HIV, uso de corticoides ou quimioterapia)
- Atividade sexual (embora não seja considerada uma DST)
Entenda também como os probióticos influenciam a saúde vaginal LINK POST PROBIÓTICOS — embora não previnam candidíase, muitos acreditam que podem ajudar no equilíbrio da flora.
Diagnóstico correto é essencial
Muitas mulheres tentam se automedicar com antifúngicos de farmácia, mas os estudos mostram que o diagnóstico autônomo acerta em apenas 11% dos casos. Iniciar o tratamento sem confirmação pode agravar os sintomas ou mascarar outras doenças.
O diagnóstico correto é feito por um profissional de saúde, com exame físico e coleta do corrimento para análise em laboratório. Em casos de infecções persistentes, é importante identificar o tipo específico de Candida, já que algumas espécies menos comuns não respondem bem aos tratamentos convencionais.
Tratamento da candidíase vaginal
O tratamento pode ser feito por via vaginal ou oral:
- Via vaginal: cremes ou comprimidos inseridos na vagina, geralmente à noite. Existem opções de 1, 3 ou 7 dias, todas com eficácia semelhante.
- Via oral: geralmente feito com fluconazol, uma dose única por via oral. Em infecções mais graves, uma segunda dose pode ser necessária após 72 horas.
O fluconazol não é indicado durante a gravidez. Seu uso deve sempre ser orientado por um profissional, especialmente em caso de uso contínuo ou recorrente.
Veja também: Candidíase recorrente: por que ela volta e como tratar (LINK POST 30)
E quando a candidíase volta com frequência?
Cerca de 5 a 9% das mulheres apresentam candidíase de repetição, definida como três ou mais episódios por ano. Nesses casos, o tratamento inclui:
- Doses múltiplas de fluconazol no início
- Uso semanal do antifúngico por seis meses ou mais
Mesmo com tratamento prolongado, a infecção pode retornar após a interrupção. É fundamental garantir o diagnóstico correto e descartar outras causas de sintomas semelhantes.
Como prevenir a candidíase
Algumas estratégias podem ajudar na prevenção:
- Controle rigoroso do diabetes
- Evitar uso desnecessário de antibióticos
- Redução de estrogênio em métodos contraceptivos (quando possível)
- Acompanhamento médico em casos de alterações de imunidade
Por outro lado, não há evidências de que hábitos de higiene íntima ou o uso de roupas justas aumentem o risco de candidíase. E os probióticos vaginais ou orais também não mostraram eficácia na prevenção.
Leia também:
- Corrimento na mulher (POST 30)
- Probióticos e Saúde Íntima Feminina: O Que Funciona de Verdade?
REFERÊNCIAS
- Patient education: Vaginal yeast infection (Beyond the Basics). In: UpToDate, Connor RF (Ed), Wolters Kluwer. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/vaginal-yeast-infection-beyond-the-basics