4 Sinais de que Sua Candidíase Pode Ser um Caso Crônico

Imagem de uma mulher com o braço sobre o corpo e com olhar distante, simbolizando a preocupação de uma candidíase ser crônica. Foto de engin akyurt na Unsplash

A candidíase vaginal é uma das causas mais comuns de coceira e corrimento vaginal entre mulheres. Embora muitas passem por episódios esporádicos ao longo da vida, cerca de 1 em cada 4 pode sofrer com a candidíase vaginal de repetição — uma condição mais persistente, definida como três ou mais episódios sintomáticos em um ano.

Mas afinal, por que isso acontece? E o que pode ser feito para aliviar os sintomas e evitar novas crises?

O que é candidíase de repetição?

Essa condição é causada pelo crescimento excessivo de fungos do gênero Candida, especialmente Candida albicans. No caso da candidíase de repetição, esse crescimento se repete várias vezes ao longo do ano, trazendo impacto importante para a qualidade de vida da mulher.

A definição atual considera três ou mais episódios por ano como critério diagnóstico. Por isso, é fundamental procurar avaliação médica se você percebe que as crises estão se tornando frequentes.

Quando investigar mais a fundo

Em casos de candidíase de repetição, é recomendável realizar exames laboratoriais, como cultura vaginal, para confirmar a presença do fungo e identificar a espécie envolvida. Algumas mulheres podem estar infectadas por espécies menos comuns, como Candida glabrata ou Candida krusei, que não respondem bem aos tratamentos habituais.

É importante lembrar que nem toda presença de Candida exige tratamento. Mulheres sem sintomas, que descobrem o fungo em exames de rotina como Papanicolau, não precisam de medicação, a menos que apresentem sintomas.

Candidíase de repetição não é sinal de HIV

Existe um mito comum de que candidíase recorrente é indicativo de imunodeficiência, como o HIV. Embora a candidíase possa ser mais persistente em pessoas com HIV avançado, a maioria das mulheres não têm HIV.

Se você quer saber mais sobre quando realizar exames para infecções sexualmente transmissíveis, veja também nosso post sobre triagem e exames para detecção precoce de ISTs. ARTIGO 31

Fatores de risco e causas

A repetição geralmente é causada por reinfecção com a mesma espécie de Candida albicans presente na flora vaginal. Em alguns casos, no entanto, há infecção por novas espécies.

Diversos fatores podem aumentar o risco, incluindo:

  • Uso recente de antibióticos
  • Atividade sexual intensa
  • Infecção prévia por vaginose bacteriana
  • Uso de medicamentos imunossupressores como cortióides
  • Alterações hormonais, como as causadas por anticoncepcionais ou terapias hormonais
  • Diabetes mellitus
  • Uso de medicação para diabetes do tipo inibidores de SGLT2, como empagliflozina

Alguns fatores são intrínsecos e não modificáveis. Por exemplo, alterações genéticas e imunológicas podem aumentar a sensibilidade da mucosa vaginal à Candida. Mulheres com candidíase de repetição podem ter alerações genéticas que afetam a resposta imunológica local.

Além disso, estudos apontam que mulheres com histórico de vaginose bacteriana recorrente também podem estar mais suscetíveis à candidíase, possivelmente devido a alterações no equilíbrio da microbiota vaginal. Você pode entender mais sobre esse desequilíbrio lendo nosso post sobre infecções vaginais e probióticos.

Tratamento: como controlar os sintomas e reduzir recorrências

O tratamento tem dois objetivos principais:

  1. Aliviar os sintomas da infecção aguda
  2. Prevenir novas crises com terapia de manutenção

Em mulheres não grávidas

O esquema mais utilizado envolve o antifúngico oral. Geralmente utilizado em 3 doses iniciais como “ataque” e depois mantido por 6 meses.

Esse regime tem boa tolerabilidade, baixo custo e é eficaz para controlar os sintomas. No entanto, após interromper o tratamento, cerca de 50% das pacientes voltam a ter sintomas em até 6 meses.

Em gestantes

Durante a gravidez, o tratamento deve ser feito apenas com antifúngicos tópicos (cremes, pomadas), pois medicamentos orais como fluconazol são contraindicados por risco de malformações fetais.

O esquema inclui:

  • Creme vaginal por 7 a 14 dias
  • Manutenção duas a três vezes por semana até o parto

Esses cuidados são essenciais para evitar sintomas persistentes durante a gestação.

Monitoramento e cuidados contínuos

Durante o tratamento, não é necessário realizar exames de sangue rotineiramente. A maioria das pacientes pode ser acompanhada clinicamente, e a manutenção do regime depende da resposta individual.

Se os sintomas retornarem, é indicado repetir a cultura para confirmar o agente e ajustar a terapia.


Quer saber mais sobre saúde feminina? Confira também:

Fique atenta aos sinais do seu corpo e converse com seu ginecologista. Tratar corretamente a candidíase de repetição pode devolver sua qualidade de vida e bem-estar íntimo!


REFERÊNCIAS

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